Rio -  Abertas no coração da Floresta Amazônica, quatro feridas que, somadas, têm 1.206 km², acenderam um alerta entre os ambientalistas. Levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) mostrou que esta área — quase do tamanho do município do Rio de Janeiro — foi desmatada na Amazônia Legal entre os meses de agosto e novembro do ano que passou. A devastação representa um aumento de 129% em relação aos mesmos meses de 2011.

Ainda segundo o Imazon, a maior fração do desmatamento ocorreu no Estado do Pará (51%). O restante foi distribuído entre Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. As prováveis causas, aponta o pesquisador Heron Martins, são as atividades agropecuárias e hidrelétricas, a indústria da madeira e a construção de autoestradas.
Segundo ele, grande parte do desmatamento ocorre de julho a outubro, quando há maior seca. A partir de novembro, as chuvas se intensificam, dificultando a retirada da madeira. Ainda assim, considerando somente novembro, foi constatado desmatamento em áreas que somam 55 km² na Amazônia Legal. No mesmo mês de 2011, a devastação atingira 16 km².

Um dos prováveis vilões do desmatamento na área da floresta situada no Pará seria a falta de fiscalização por parte das autoridades em relação ao asfaltamento da rodovia BR-163. Isso, diz o Imazon, estaria facilitando o acesso por parte dos exploradores de madeira ilegal.

Redução de áreas protegidas

Para o Imazon, o desmatamento também está ligado à redução nas áreas de cinco Unidades de Conservação ambiental no país, devido à construção de hidrelétricas. De acordo com o pesquisador, o problema gera “expectativa de que outras unidades de conservação podem ser diminuídas”, o que motivaria a extração ilegal de madeira e outras atividades que causam perdas da floresta.

Governo afirma que ritmo da devastação teve queda

O levantamento do Imazon é uma ducha de água fria no recente anúncio feito pelo Ministério do Meio Ambiente sobre uma queda de 27% na taxa de desmatamento da Amazônia Legal em 12 meses. A medição foi feita entre agosto de 2011 e julho do ano passado, e comparada com o período anterior.

O índice foi, segundo o governo federal, o menor já registrado desde que as medições na região começarama ser feitas, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em 1988. As informações do Imazon, por sua vez, são coletadas por um sistema independente, com o uso de satélites do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD).

O Brasil prometeu em 2009, durante a COP15 de Mudanças Climáticas, reduzir o desmatamento na Amazônia em 80% até 2020. Segundo o governo, a diminuição já está em 76,2%.
O Ministério do Meio Ambiente também anunciou que, a partir deste ano, um novo satélite permitirá fazer imagens mais detalhadas das florestas para fiscalizar a ação dos exploradores ilegais.


Por: Camila,Jéssica e Peterson.